quinta-feira, 16 de agosto de 2012

MULHER, SERÁ QUE É HORA DE VOLTAR PRA CASA? (parte II)

(então, continuando...)

            Conquistamos o direito de ganhar nosso próprio dinheiro. Veio a obrigação de também assumir as despesas da casa.
            Como a renda das famílias aumentou (com homem e mulher ganhando salários), aumentou também o consumismo e o desejo de ter, ter, ter (até mesmo pra justificar nosso esforço e acúmulo de funções).
            Com a justificativa: “Mamãe precisa ir trabalhar pra ganhar dinheiro” ensinamos aos nossos filhos – mesmo sem querer, sem saber e sem a intenção – de que ter e ganhar dinheiro é muito mais importante do que estarmos com quem amamos e SERMOS algo com quem amamos.
            Ah, também ganhamos o direito ao “macarrão instantâneo”! Comida preparada em 3 minutos que nos livra da obrigação de descascar o alho, picar a cebola e escolher os melhores ingredientes para aquela refeição saudável, mas tão trabalhosa. E ganhamos crianças com colesterol alto, taxas sanguíneas alteradas, obesas e que se alimentam mal, muito mal. (Vocês já viram a quantidade de sódio em cada saquinho daqueles?)
Saindo de casa e de perto de nossos filhos, ganhamos uma geração de adolescentes e jovens delinqüentes, mimados, mal acostumados, “comprados” por qualquer mesada ou presente e que não sabe mais o que significa respeito, solidariedade e fé! Impressionante (-mente triste) como quase ninguém mais fala de Deus em casa.
            Com filhos desestruturados, ganhamos famílias aos pedaços.
            Agora podemos votar (oi?). Viramos grandes executivas e multiplicamos nossas responsabilidades por mil. Vivemos em função da beleza, do status e da moda. Trabalhamos loucamente pra dar aos nossos filhos o que a nossa presença não dá mais, pra comprar uma bolsa carérrima, um sapato que é o hit do momento ou uma roupa pra impressionar (que serão devidamente aposentados na próxima estação).
            Com tanto e tudo, desenvolvemos a sensação de impaciência, de intolerância e de fardo quando nos referimos aos nossos filhos. Queremos fingir que criança não grita, que não faz pirraça, que não chama “mãe, mãe, mãe” insistentemente e o dia inteiro, que não bagunça as coisas e tira a decoração do lugar! Queremos mini-adultos que eles não são (e não merecem ser) porque nós estamos estressadas! Tão mais gostoso entregá-las às babás, às secretárias do lar, deixá-los na escola (e se for horário integral é GOL!).
            É óbvio, aliás, é ÓÓÓÓÓBVIO que ganhamos MUITO com tudo isso também como, por exemplo, o respeito dos homens, o direito à expressão, o direito ao “não” e também de mostrarmos que sabemos, que pensamos e que somos capazes pra tantas coisas. Não ignoro isso, aliás, aplaudo; mas quando (EU) coloco tudo na balança, acho que perdemos muito mais do que ganhamos.
            Nossos umbigos estão iluminados, já que focamos todas as nossas atenções para eles; em contrapartida, aquelas que eram tidas como mudas, burras e incompetentes (nós, mulheres, claro!) conseguiam – sem alarde – botar ordem no mundo. Os filhos eram observados e cada mãe conhecia bem o seu. As crianças ocupavam lugar de criança em casa. As famílias eram redutos sagrados e fortes. A casa era um lar. O almoço era com a família toda na mesa e a comida era boa. Não se via tanta gente obesa, sedentária, doente e dependente (de drogas, de pessoas, de carro, de comodismos, de consumismo, de futilidades).
            Já éramos as mais competentes e capazes do pedaço, moçada. A gente não precisava cair na ladainha de que tínhamos que comprometer nossa saúde, nossos amores, nossas famílias e nossa paz pra esfregar todas essas verdades na cara dos homens. Mesmo fingindo que não, eles já sabiam de tudo isso. Só não admitiam! Mas se somos “tão, tão, tão” pra que precisávamos da aprovação, admiração ou aval deles, meninas?!
Caímos numa armadilha, isso sim.

          Será que é hora de voltar pra casa?
           
  

2 comentários:

  1. Como é que ninguém comentou esse texto !!!!!!! eu quero voltar pra casa sim, tô tão cansada dessa jornada dupla, tripla, sei lá. Daqui uns dias eu chuto o balde e parto pro meu lar definitivamente. Vc sempre iluminada nas palavras. Já pensou se vc não tivesse todas essas minhoquinhas na cabeça.

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  2. P-E-R-F-E-I-T-OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Concordo plenamente com vc!!!! Saudades!!! Muitos beijos

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