terça-feira, 18 de setembro de 2012

DO CAMPING AO PRÉ-NATAL

         No meu último aniversário (há 11 dias) duas pessoas queridas deixaram recados pra mim dizendo que sou um “ímã de atrair pessoas”. Dei uma risada gostosa na hora em que li aquilo porque acho que é assim que me sinto também. Por onde passo vou seguindo e carregando quem me fizer bem, sabe?! Agarro pelo braço, pela mão, pela cintura e, geralmente - com muito orgulho e alegria - pelo coração!
         Penso em pessoas que conheci enquanto ainda chupava chupeta e que ainda são tão vivas na minha lembrança! Às vezes tenho contato com uma e outra e fico impressionada pela forma como ainda somos íntimas e próximas mesmo sem contato há 5, 10, 15, 20 anos. Surpreendente, né?! E delicioso também, pode apostar!
         Hoje reencontrei na internet um desses amigos da infância... Nos conhecemos quando tínhamos 6 anos de idade, num camping, numa das férias que passamos no Rio de Janeiro. Sou do Espírito Santo, ele de Brasília. Poderíamos nunca mais ter tido contato, mas nossos pais anotaram nossos telefones e nos incentivaram, nos primeiros anos seguintes, a trocarmos telefonemas alegres e deliciosos em nossos respectivos aniversários. Eu ligava pra ele para dar os parabéns, e ele ligava pra mim no meu dia. Fizemos isso por ANOS, até que veio a adolescência e nossos “hormônios” roubaram a atenção, nos desviando desse nosso costume.
         Anos depois recebo uma carta. Era a mãe dele – a Tia Beth – contando as notícias de lá e querendo saber as de cá. Tudo recomeçou. Delícia!
         Vieram os amores, o meu amor, minha gravidez precoce e minha decisão de casar. Recebo outra carta dela, dessa vez recheada de conselhos pra vida, emoção e experiências. Na véspera do meu casamento, minha mãe me telefona pra eu correr pra casa porque tinha uma surpresa me esperando. No caminho fui quebrando a cabeça tentando imaginar que presente de casamento poderia ser. A geladeira? O fogão? Uma televisão ma-ra-vi-lho-sa?
Quando chego, o que vejo? Os pais desse meu amigo que vieram especialmente para o DIA DO MEU SIM! Fiquei sem voz, sem conseguir acreditar e dali pra frente foram muitos abraços, carinho no rosto e muitos risos altos! Qual presente de casamento poderia ser mais maravilhoso que esse?
Hoje, na hora desse reencontro virtual, festa, alegria, trocas de mensagens e um aplicativo no celular que nos permite falar como num “walk talk”. Conversamos por quase meia hora e falamos da vida, de nossas carreiras, da nossa saudade, das minhas filhas e do bebê dele que chega em janeiro (e que ele e a esposa não querem saber o sexo antes do nascimento). Combinamos nosso encontro para o ano que vem – depois de 28 anos sem nenhum abraço sequer – quando ele virá de férias de Nova York, que é onde mora com a família que construiu.
Na última mensagem, ouço dele: “... algumas coisas são fantásticas! Não entendo como algumas pessoas não acreditam em religião ou em coisas fenomenais”.
Nem eu entendo, Fábio... Pra mim é fantástico e fenomenal ter construído esse história com a sua ajuda. O carinho que tenho por você, por sua família e por essa nossa história é inenarrável! Só pode mesmo ter sido presente de Deus!
Nesses anos todos, a única coisa que mudou pra gente foi termos crescido! E só! Que dia feliz!!!!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

“COMPOSITOR DE DESTINOS, TAMBOR DE TODOS OS RITMOS; TEMPO, TEMPO, TEMPO, TEMPO...” (Caetano Veloso)

Uns o temem. Outros o apreciam. Uns o culpam por alguns “estragos”. Outros o consideram um santo remédio. O tempo é realmente um grande mistério. Passa no seu próprio compasso e não há quem possa freá-lo.
Outro dia, sozinha no carro a caminho da casa de uma amiga de infância, olhava o dia lindo, abri a janela e dei uma respirada gostosa enquanto pensava no tempo... Senti imensa gratidão por ter visto que ele tem sido tão generoso comigo. 
 Comecei a lembrar do tempo de escola e da época em que conheci essa amiga linda, a Gabi – que me acompanha há exatos 26 anos! Foi passando um filme na minha cabeça e senti tanto orgulho da nossa amizade. Olha só que coisa linda: éramos duas crianças, vimos chegar a adolescência e a vontade louca de descobrir o mundo, compartilhamos a ansiedade da juventude, as alegrias dos amores que vivemos, as dores das histórias que tiveram fim. Sentimos saudade quando ficávamos meses e meses sem um encontro sequer, fomos o ombro uma da outra quando uma tristeza nos fazia pensar que aquilo era o fim do mundo... e olha agora: eu, uma mulher, adulta, casada (e ela estava no altar como uma das minhas madrinhas de casamento, claro!), mãe de duas filhas, indo buscá-la de carro, sozinha e no perfil independente que é tão a minha cara. Cresci. Crescemos. O tempo passou pra mim. Passou também pra ela. Pra nós. E que lindo ver o que ele escreveu em nossas histórias (as nossas individuais e a que temos em comum).
Penso na Gabi, nos encontros que tive com meus irmãos, na mudança de ótica em relação aos meus pais, no desenrolar da minha história com meu marido (que daria um livro, pode acreditar!), nas mudanças de fases das minhas filhas até agora... Como o tempo é legal!
Muitas coisas se perderam e muitas outras foram construídas ao longo do (meu) tempo, e pensando em tudo isso cheguei a algumas conclusões: o tempo só destrói o que é frágil o suficiente pra ser destruído, e só mantém o que é forte o suficiente para vencer os obstáculos, as dificuldades e merece ser “pra sempre”. É sábio!
Faço poucos planos. Não porque eu não tenha muitos, mas porque sei que as coisas mudam muito, sem aviso prévio, e que as surpresas traçam novos e surpreendentes caminhos. Alimento meus sonhos pra ter um norte, mas aprendi a confiar no destino também. Escrevo minha história com minha caneta em punho, rabiscando sempre o que sai do meu coração nas linhas que esse amigo – o tempo – coloca à minha disposição. E tem ficado bom... Somos bons parceiros!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

VAI DAR TUDO CERTO!

Já reparou que toda vez que estamos enfrentando uma situação difícil alguém nos fala: “VAI DAR TUDO CERTO!”? Pois é, já passei por diferentes episódios e sempre que o negócio ficava feio, alguém tentava me animar falando isso...
Hoje, revendo no youtube o momento do acidente do Ayrton Senna, em 1994, ouvi Galvão Bueno – que narrava tudo com emoção – dizer que “daria tudo certo”. E ele foi além: “Deus está do lado de quem é bom, de quem faz o bem”. Ora, então Ele não esteve ali, naquele momento ou o Senna não era tão bom? A resposta é: UMA COISA NÃO TEM NADA A VER COM A OUTRA! Morte não é castigo e não morrem apenas os maus.
Uma vez, ao terminar um namoro (ou melhor, ao “ser terminada”! rs) sofri tanto, mas tanto, mas tanto que achei que nunca mais amaria alguém; e minhas amigas me abraçavam e diziam a famosa frase mágica. Naquele momento, tudo o que eu entendia com aquilo era: “Vocês vão voltar”. Anos depois entendi que DAR TUDO CERTO – pelo menos naquele caso – significava seguir outro caminho, encontrar meu marido, viver o que vivemos, casar e ter nossas filhas (e continuar vivendo o que estamos vivendo!).
Há poucos minutos caí na besteira de abrir um outro vídeo no youtube, mas esse mostrava uma matéria realizada num desses hospitais do Brasil sem nenhum recurso, medicamento e profissionais. Na cena, a mãe da menininha de aproximadamente 2 anos chorava desesperadamente ao ver a filha sem conseguir respirar direito por causa da pneumonia que deixava a pobrezinha sem nenhuma reação. Desespero meu também ao ver a cena e pensar nas minhas filhas, no meu plano de saúde, da sorte que tenho em saber que aquela não é a nossa realidade e do pesar em saber que aquela é a (DURÍSSIMA) realidade de tantos.
A repórter, extremamente sensibilizada com a cena, afaga a mãe e pede: “Calma. Vai dar tudo certo!” A matéria acaba com a cena da porta de uma UTI improvisada sendo fechada e com a voz da repórter dizendo que, minutos depois, a Ruth – a tal menininha que vai demorar a sair do meu pensamento – vinha a falecer. Não deu tudo certo... ou deu, não sei! Era a hora dela? A mãe precisava passar por isso para aprender algo (?)? Aquela médica precisava daquela experiência pra aprender algo? Sinceramente, não sei. O que sei é que a partir de agora vou me policiar para não dizer mais essa frase...
Quando seu time estiver disputando a final de um campeonato; quando alguém que você ama estiver mal; quando um amor chegar ao fim; quando um filho estiver doente; quando você precisar muito ouvir uma resposta positiva, faça o que vou tentar fazer a partir de agora: ao invés de dizer “Vai dar tudo certo”, diga “Está entregue nas mãos de Deus e ele fará o que tiver que ser feito. Que eu possa comemorar, ou que Ele me ajude a entender”.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

DESCONHEÇO VERDADES ABSOLUTAS

            Desde pequena sempre me disseram que eu era precoce. Fui crescendo e concordando, sabe?! Realmente sempre fui a mais “saidinha” da turma, a que levava os assuntos novos, a que queria dirigir com 12 anos (e comecei com 13), a que foi considerada “rebelde” por querer fazer tudo a seu tempo e a seu modo.
            É... não deve ter sido nada fácil conseguir me explicar o porquê das coisas, o porquê dos “NÃOS”, a necessidade da discrição, do “resguardar-se”. Sempre me sentindo muito livre e avessa às amarras, não entendia porque eu devia obediência e satisfação à sociedade, se tudo que realmente valia e importava pra mim era o que eu pensava e o que eu sentia. E vou logo avisando: mesmo tão dona das minhas próprias regras, sempre fui uma menina muito do bem. Graças a Deus, aprendi bem cedo a respeitar as pessoas e o sentimento delas, sempre tive pavor de coisas ilícitas e perigosas. Papai do Céu fez a coisa na medida: me fez “pra frente” para umas coisas e muito medrosa para outras (e isso me manteve viva, sem ferimentos e realmente livre em muitas situações. rs)!
            Mas quero chegar na parte em que me senti amadurecendo, crescendo... Crescer é ruim por muitos motivos, como por exemplo: Não caber mais no colo dos pais; Perder o posto de bebê e ficar sem os mimos; Poder ganhar as coisas no grito...
Em contrapartida, é bom por inúmeras razões, como: Você entende que nem todo amor e carinho está no colo de alguém, e passa a fazer muito mais uso desse mecanismo tão restaurador; Você passa a ser quem mima e quem atrai os bebês (e bebê renova a energia da gente de uma forma surpreendente)! Você aprende a ganhar as coisas na garra, com força, coragem. Você aprende que, ou vai pra cima, se arrisca e tenta, ou fica sem o que sonha, porque os gritos não convencem mais ninguém!
            Crescer permite chorar com razão, enxugar as lágrimas e a partir delas fazer um balanço do que anda bem ou mal. Dá coragem pra assumir quando as coisas não estão legais e então, recomeçar pra fazer melhor. Pedir desculpas à alguém ganha um sentido bem maior e mais intenso... não é só pra se livrar do castigos dos pais após o beliscão no irmão. Você começa a enxergar o outro, independente da sua ótica, da sua visão e do seu degrau. O centro da Terra sai do nosso umbigo e vai pro meio da roda. É massa!
            Me sinto precoce quando me lembro da vontade louca que sentia de crescer, e dos poucos momentos de tristeza que senti por ter crescido... Sinto muita SAUDADE da infância e das histórias daquele tempo, mas tristeza, não! Adorei a sensação que o tempo me trouxe de rever VERDADES. O que é uma verdade, afinal?! Nesse fim de semana fiquei pensando nisso durante o banho e desmontei um monte de verdades pré-estabelecidas pela sociedade (ela de novo!). “Todo político é corrupto”; “Casamento é uma droga”, “Filho é a melhor coisa do mundo”, “Mulher só quer homem rico”, “Todo homem trai”. Ah, pra cada afirmação digo que achei várias vertentes, brechas e exceções. Nem tudo é tão duro, fechado e reto. O que seria da vida sem as curvas, sem os caminhos paralelos, sem a ótica individual das pessoas?
            Posso estar enganada, mas acho que são esses “poréns” que dão mais cor à vida da gente... aprender com o aprendizado particular do outro, poder olhar as coisas de outra forma a partir de uma lição de um vizinho e, se não concordar, pelo menos entender e respeitar outros modos de pensar (e às vezes agir)... isso tudo é muito construtivo!
            Desconheço verdades absolutas (e procuro evitar quem jura conhecê-las). Nada é fechado. Nada (ou quase nada) tem ponto final e creio que tudo pode mudar. Por isso gosto tanto das reticências...

terça-feira, 21 de agosto de 2012

AMOR AMADURECE...

"Nosso amor se transformou. Acordamos um belo dia e vimos que havíamos virado, praticamente, irmãos. Não é esse tipo de sentimento que deve haver entre um homem e uma mulher que querem se casar. Viramos amigos e não sentíamos mais aquela paixão do início do nosso namoro"

            Acabo de ler essa declaração que a ex-noiva de um artista deu para anunciar a separação do casal. Fiquei olhando, lendo e relendo... Sem nenhum julgamento (até porque, só mesmo um casal pode saber o que acontece entre os dois), olhei para a foto dos dois e conversei “sozinha e com eles”, perguntando – pra nós 3 – qual era a novidade disso! Ora, desde sempre soube que o sentimento se transforma mesmo! Com exceção da adolescência – fase em que eu realmente achei que o Tom Cruise daria um rasante sobre minha casa e me levaria direto para o TOP GUN com seu caça; e que também tinha certeza que o Patrick Swayze me ensinaria aquela última dança onde eu pularia cheia de segurança em seus braços num Ritmo Quente, eu sempre soube que amor é assim mesmo: mais calmo, mais sereno e mais “eterno”, enquanto paixão – deliciosa e ardente, é também conturbada e tem data de validade.
            Amor é exatamente essa transformação... não que eu ache que marido tem que virar irmão e que o calor entre o casal deve virar sentimento fraternal (pra sempre). Não mesmo! Mas acho inevitável que isso aconteça entre uma fase e outra, em momentos específicos da vida e da relação.
            Quantas vezes, para o meu marido, já fui a irmã mais nova que precisa ser orientada; a irmã mais velha que quer dominar o território; a filha que precisa de colo; a mãe que ajuda e orienta; a irmã gêmea que está passando pela mesma fase e está ali pra amparar e lembrar do amor à família?! Quantas vezes já fui a professora, a aluna, a colega de rua e a paquera da infância?! Ah, já fui tantas em uma só... e nunca deixei de ser a esposa!
            Seria uma delícia se conseguíssemos manter a paixão do início do namoro, mas ao mesmo tempo, que bom que também há a calmaria, o colo sem segundas intenções, o abraço de apoio, o beijo de admiração e carinho.
            Amadurecemos em muitos aspectos, mas estamos adolescendo emocionalmente... Queremos um amor de novela, jantares a luz de velas todos os dias, vestidos vermelhos com fendas enormes só pra dançar uma música romântica na sala de estar. Isso é fantasia, é ilusão, é decepção, porque na vida real quem é assim?
            Namorado, marido ou noivo também é AMIGO. Não pode ser SÓ amigo, mas em muitas fases da vida, muito mais do que o amor arrebatador, é o amor-apoio, o amor-segurança e o amor-irmão, sim! O segredo – eu acho! – é ter paciência e esperar vir a próxima fase, o resgate do fogo e do calor dos enamorados, e entender que ninguém é de um jeito só pra sempre e o tempo todo. O gostoso do amor (de verdade, que muito suporta, supera e aceita) é conseguir perceber o sentimento verdadeiro em todas essas nuances... o bom do amor é querer estar perto, respeitando, perdoando e compreendendo nossas próprias variações!
Uma vez li algo que eu AMEI:
"Case-se com alguém que gosta de conversar
Por que quando o tempo for seu inimigo,
E as linhas de expressão dominarem sua face
E se a vitalidade não for como você gostaria
Tudo que restará será bons momentos de conversa
Com alguém que viveu com você muitas histórias
...
Então lembre-se que a beleza passa, pois é vã
Mas o carinho , o respeito, o conhecimento
Este aumenta a cada dia.
Então case-se com alguém com quem realmente gosta de conversar"

Amor não precisa apodrecer, mas amadurece!



domingo, 19 de agosto de 2012

MULHER, SERÁ QUE É HORA DE VOLTAR PRA CASA?

            Volta e meia me pego pensando sobre nós, mulheres, e como temos lidado com todas as mudanças gradativas que temos acompanhado sobre nosso papel e possibilidades! Já até escrevi sobre isso...
            Eu (e quando digo eu, falo de MIM e apenas por mim) não olho tudo com isso com muita alegria, não... confesso outra vez! Adoro (imensamente) as conquistas individuais, mas tenho tanto medo das conseqüências coletivas!!
            Não somos iguais aos homens, amigas... nem adianta! Nem piores, nem melhores. Em alguns aspectos passamos na frente, em outros eles. E assim vamos seguindo com nossas capacidades, nossas semelhanças e nossas diferenças. Uma coisa, por exemplo, é nosso: somos agregadoras! Isso é da natureza feminina! Não há como negar que, comparadas aos homens, somos nós, mulheres, que juntamos tudo e todos: família, amigos, parentes distantes, ex-turma de escola. Por sua vez, e também por natureza, os homens são mais focados no futuro, pensam na frente, pra frente, sem olhar muito em volta ou pra trás. Nós vamos passando e recolhendo, colocando no colo, ou na bacia ao lado do quadril o que eles deixam cair quando vão seguindo em frente apressadamente.
            Queimaram (a droga dos) sutiãs e disseram que tínhamos o direito à igualdade. Nos demos MUITO MAL! Além de tudo que citei no texto anterior sobre esse mesmo assunto, o que me trouxe até esse texto foram os itens da lista assustadora que vim fazendo na minha cabeça desde essa manhã (e olha que já anoiteceu!).
            Pagamos uma pessoa pra arrumar as camas, varrer o chão, tirar a poeira dos móveis, preparar a comida da família, lavar e passar as roupas e... EDUCAR NOSSOS FILHOS! Mas o que é EDUCAR senão um ato de repetição, amor, paciência, firmeza, mais amor e mais e mais e mais amor? Como podíamos crer que pessoas que recebem salário pelo trabalho que prestam podem depositar nessa tarefa o mesmo amor, paciência, determinação e capricho que nós – as mães dessas crianças? Até mesmo porque, enquanto nossas secretárias são obrigadas a driblar a pirraça, enfrentar a teimosia, dobrar a insistência e recusar os pedidos mais escabrosos dos NOSSOS filhos, os filhos DELAS estão sendo cuidados em creches, por parentes ou vizinhos. E o que as difere de nós? NADA! São mães como nós e também se sentem inquietas por se verem obrigadas a estar longe dos seus a maior parte do tempo e pela maior quantidade de dias da semana. E alguém vai me convencer que o trabalho delas com nossos filhos é igual ao nosso?? Ah, tá!

(pra quem se interessou pelo assunto, continua aqui em baixo, no próximo post!)
;-)

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

MULHER, SERÁ QUE É HORA DE VOLTAR PRA CASA? (parte II)

(então, continuando...)

            Conquistamos o direito de ganhar nosso próprio dinheiro. Veio a obrigação de também assumir as despesas da casa.
            Como a renda das famílias aumentou (com homem e mulher ganhando salários), aumentou também o consumismo e o desejo de ter, ter, ter (até mesmo pra justificar nosso esforço e acúmulo de funções).
            Com a justificativa: “Mamãe precisa ir trabalhar pra ganhar dinheiro” ensinamos aos nossos filhos – mesmo sem querer, sem saber e sem a intenção – de que ter e ganhar dinheiro é muito mais importante do que estarmos com quem amamos e SERMOS algo com quem amamos.
            Ah, também ganhamos o direito ao “macarrão instantâneo”! Comida preparada em 3 minutos que nos livra da obrigação de descascar o alho, picar a cebola e escolher os melhores ingredientes para aquela refeição saudável, mas tão trabalhosa. E ganhamos crianças com colesterol alto, taxas sanguíneas alteradas, obesas e que se alimentam mal, muito mal. (Vocês já viram a quantidade de sódio em cada saquinho daqueles?)
Saindo de casa e de perto de nossos filhos, ganhamos uma geração de adolescentes e jovens delinqüentes, mimados, mal acostumados, “comprados” por qualquer mesada ou presente e que não sabe mais o que significa respeito, solidariedade e fé! Impressionante (-mente triste) como quase ninguém mais fala de Deus em casa.
            Com filhos desestruturados, ganhamos famílias aos pedaços.
            Agora podemos votar (oi?). Viramos grandes executivas e multiplicamos nossas responsabilidades por mil. Vivemos em função da beleza, do status e da moda. Trabalhamos loucamente pra dar aos nossos filhos o que a nossa presença não dá mais, pra comprar uma bolsa carérrima, um sapato que é o hit do momento ou uma roupa pra impressionar (que serão devidamente aposentados na próxima estação).
            Com tanto e tudo, desenvolvemos a sensação de impaciência, de intolerância e de fardo quando nos referimos aos nossos filhos. Queremos fingir que criança não grita, que não faz pirraça, que não chama “mãe, mãe, mãe” insistentemente e o dia inteiro, que não bagunça as coisas e tira a decoração do lugar! Queremos mini-adultos que eles não são (e não merecem ser) porque nós estamos estressadas! Tão mais gostoso entregá-las às babás, às secretárias do lar, deixá-los na escola (e se for horário integral é GOL!).
            É óbvio, aliás, é ÓÓÓÓÓBVIO que ganhamos MUITO com tudo isso também como, por exemplo, o respeito dos homens, o direito à expressão, o direito ao “não” e também de mostrarmos que sabemos, que pensamos e que somos capazes pra tantas coisas. Não ignoro isso, aliás, aplaudo; mas quando (EU) coloco tudo na balança, acho que perdemos muito mais do que ganhamos.
            Nossos umbigos estão iluminados, já que focamos todas as nossas atenções para eles; em contrapartida, aquelas que eram tidas como mudas, burras e incompetentes (nós, mulheres, claro!) conseguiam – sem alarde – botar ordem no mundo. Os filhos eram observados e cada mãe conhecia bem o seu. As crianças ocupavam lugar de criança em casa. As famílias eram redutos sagrados e fortes. A casa era um lar. O almoço era com a família toda na mesa e a comida era boa. Não se via tanta gente obesa, sedentária, doente e dependente (de drogas, de pessoas, de carro, de comodismos, de consumismo, de futilidades).
            Já éramos as mais competentes e capazes do pedaço, moçada. A gente não precisava cair na ladainha de que tínhamos que comprometer nossa saúde, nossos amores, nossas famílias e nossa paz pra esfregar todas essas verdades na cara dos homens. Mesmo fingindo que não, eles já sabiam de tudo isso. Só não admitiam! Mas se somos “tão, tão, tão” pra que precisávamos da aprovação, admiração ou aval deles, meninas?!
Caímos numa armadilha, isso sim.

          Será que é hora de voltar pra casa?
           
  

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O QUE VALE A PENA "CURTIR"...

         Outro dia escrevi numa rede social que eu tenho percebido que a internet (e as redes sociais) são maravilhosas porque nos deixam perto das pessoas que estão longe, mas que ao mesmo tempo são muito ruins porque nos deixam longe das pessoas que estão perto. Quantas vezes, por puro vício ou mania, estamos tão concentrados nesses sites e olhando tudo o que acontece “lá”, que mal ouvimos quem está “aqui” do nosso lado querendo conversar?! Comigo já aconteceu MUITO, até eu começar a colocar as coisas na balança...
         Tenho dito, aflita, em conversas com os amigos que estamos vivendo uma época de avanço tecnológico imensa e intensa, enquanto marchamos de ré – quase na mesma velocidade – no que se refere às questões pessoais. O que anda acontecendo com as relações diárias, com as amizades cultivadas por anos, com os amores, com os pais e os filhos? Em casa, é comum conversarmos pelo computador enquanto um está na sala e o outro está no quarto... Tecnologia próxima, muito próxima; corações e olhos cada vez mais distantes! Que dó! Que retrocesso!
         Sei que seria hipocrisia desmerecer todas essas descobertas e facilidades que temos ganhado a cada dia (porque internet, e-mail, redes sociais e afins também ajudam, sim!), mas também é impossível falar só das coisas boas sem analisar – de forma imparcial – o quanto tudo isso vem distanciando as pessoas e criando um mundo paralelo.
         Enquanto há alguns anos resolvíamos mal entendidos cara a cara, olho no olho e numa conversa franca, hoje eliminamos problemas excluindo as pessoas de nossas listas de amigos virtuais. Temos construído relações apertando a opção “curtir”, e quanto mais “curtimos” mais amigos ficamos. É legal? É claro que é! Quantas pessoas passei a conhecer ou pude me aproximar depois dessa invenção? Mas não tenho dedos o suficiente pra contar quantas pessoas já “curtiram” coisas escritas por mim, já comentaram, elogiaram, concordaram ou discordaram e ao passar por mim na rua se comportaram como desconhecidas. Isso é criar relação? É claro que não!

         Sem nenhuma intenção de fazer campanha contra ou a favor (até porque realmente gosto de fazer parte de tudo isso e continuo com meu perfil, com minha lista de amigos, com meus posts, “curtindo”, “sendo curtida” com o maior prazer!), esse texto só tem uma intenção: dizer que acho um barato termos essa ferramenta a nossa disposição, mas que ela não pode virar a forma principal de nos relacionarmos com as pessoas; que ela não pode tomar o lugar das pessoas que estão ao nosso lado e que esperam um pouco mais do nosso carinho, da nossa atenção e da nossa presença; que não podemos julgar as pessoas por uma frase escrita, por uma foto compartilhada ou por uma brincadeira mal interpretada. Tudo isso tem que ser uma grande brincadeira... O que é sério de verdade e vale a pena, está além de uma tela de computador! Quem move nossos dias e faz pulsar nosso coração é palpável, tem cheiro, sentimentos e olhar e está bem ao nosso lado, podendo dizer olho no olho o quanto nos “curte”, nos ama e nos quer bem!

terça-feira, 5 de junho de 2012

SOMOS MUITOS E, AINDA ASSIM, SOMOS UM!

          Sou uma das muitas filhas de meus pais. Do sangue e do ventre, somos 3, mas o coração foi fazendo nascer mais um, mais outro, mais outro... A vida veio trazendo irmãos de coração, e meus pais acolhendo os filhos com seus braços e corações elásticos. Foi gostoso de ver...
         Ao longo de tantas chegadas – e ficadas – fomos esticando nossas capacidades também. Capacidade de esperar o banheiro desocupar para um banho; capacidade de ouvir a TV quando o barulho e as conversas na sala eram muitas; capacidade de ver brotarem pratos e talheres na mesa pro almoço cada vez mais numeroso; capacidade de dividir a atenção, de multiplicar as brincadeiras, de somar amor e aquele aconchego gostoso que sentimos quando sabemos que temos com quem contar na vida! Pra mim, e na minha visão, sempre foi assim...
         Adoro meus momentos de silêncio, independência, solidão, mas não sou uma pessoa solitária e silenciosa. Sou super adepta dos almoços tumultuados de domingo, das festas cheias de familiares, de sobrinhos, de irmãos! Por isso nunca tive grandes dificuldades em ver minha família tomar proporções elásticas!
         Casei muito nova (como contei no post passado!). Aos 21 anos já era uma “jovem senhora casada” e estava a frente da realidade de construir a minha própria família. Foi tudo muito natural e as coisas simplesmente aconteceram... Logo que casamos, moramos numa quitinete que meus pais construíram pra nós no terraço de sua casa. Ficamos lá por felizes 4 anos e 10 meses, até vermos nossa primeira casa própria prontinha pra nos receber. Lá fomos nós! Dois meses depois nascia nossa primeira filha e vivemos momentos de muita alegria naquele endereço... até mesmo a chegada de nossa segunda boneca!
         Alguns sonhos a mais nos fizeram ter coragem de vender aquele canto especial e tentar colocar nossa caixa de correio em outra rua, outro bairro, numa área maior, mas como a grana era curta pra “construir x morar”, tomamos uma decisão e fomos, outra vez, pedir “asilo” aos meus pais. Agora, numa casa maior e com menos filhos por perto (todos já casaram ou foram construir suas histórias), havia espaço de sobra pra acolher a mim, meu amor e minhas “amoras”!
         Voltar pra casa dos pais nunca é fácil... você cresce e cria asas demais! Cada asa quer bater de um jeito, numa hora, numa velocidade. Os pais já estão em outro ritmo, e as diferenças se acentuam. Imagine agora, o que é voltar pra lá com a turma completa (incluindo a secretária)??? Nada fácil! Nem pra nós, nem pra eles...
         No meio do processo, e vendo as filhas sendo atendidas prontamente pelos avós a cada pirraça ou desejo de criança, a gente teve vontade de surtar, dar um castigo bem dado em cada uma delas (e nos avós também!!). Relembrar os defeitos do dia-a-dia dos pais também atordoa, e dentro do processo, vivendo a dinâmica da casa que não é mais sua - não aquela que você fez a rotina do seu jeitinho - a gente quase (mas quase mesmo!) pira o cabeção!
         Pois bem... é chegada a hora de abrir os portões do nosso novo canto, e deixar a casa dos pais outra vez causa sentimento ambíguo: realização e felicidade pela conquista sonhada e lutada; aperto no peito por deixar os pais no endereço deles e perder a mordomia de ter o colo deles sempre tão perto.
         No fim das contas, e depois desses 17 meses juntos sob o mesmo teto outra vez, enxergo com clareza os defeitos que nem eram novidade pra mim, mas também aumento aquele sentimento gostoso de poder ter redescoberto as qualidades, a alegria da presença, de ter visto os braços abertos e à disposição quando precisamos, os sorrisos e o fato de tê-los visto rejuvenescer perto das netas por tanto tempo!
         1 ano e 5 meses depois, comemoro mais uma conquista agradecida à eles, aos meus pais queridos; que apesar dos defeitos e com TODAS AS QUALIDADES QUE TÊM, me fazem ter certeza de que nasci pra ser mesmo a filha deles. Se sou assim, exatamente assim como sou - com os meus defeitos (muitos) e as minhas qualidades (muitas) - consigo ainda ser independente, corajosa, forte, guerreira... e sei agradecer! Graças ao que eles me ensinaram ao longo da vida!
         Pai e mãe, DESCULPEM O TRANSTORNO, A BAGUNÇA, O BARULHO E A DESORDEM por tantas vezes! OBRIGADA por terem nos acolhido e nos ajudado a realizar mais esse sonho. Nossa casa tem parte especial da doação e do amor de vocês! Amo muito, muito, muito! Vamos sentir saudade! Todos nós!

sábado, 2 de junho de 2012

ELE É ASSIM...

Daqui a alguns meses comemoraremos nossos 12 anos de casados. É, passou rápido demais!
Há pouco mais de uma década eu era uma recém chegada à fase adulta, e dos meus recentes 21 anos completados me via diante de casa, marido e novas responsabilidades. Confesso que não fiquei com medo e que, na verdade, eu estava eufórica com a possibilidade de vestir meu longo brilhoso e começar a enfeitar – do meu jeitinho – o meu castelo encantado.
Só depois de algum tempo e de muito chorar, sofrer, espernear e fazer pirraça é que fui compreendendo – de verdade! – que ali não tinha nenhum príncipe (e nenhuma princesa!). Foram brigas grandiosas, silêncios prolongados, culpas e faltas jogadas na cara... Foram muitas festas, farras, alegrias, porres e conquistas também, mas vamos combinar que a parte boa mais enfeita do que faz crescer, né? Por isso lembramos da parte mais “desfocada” da história até mesmo com orgulho, porque foi essa que nos fez crescer e veio nos moldando ao longo do tempo.
Hoje, quase 12 anos depois daquele SIM, com 2 filhas lindas, desejadíssimas e muito amadas, carreiras sólidas e felizes, nossa casa tão sonhada construída, muito trabalho, luta e dedicação ao que fazemos e poucas folgas no nosso currículo, estamos na capital do nosso estado para o curso de especialização que o maridão está fazendo pra crescer, ainda mais, profissionalmente. Aqui, na sala de aula do curso vejo tudo com olhar atento. Ele, acompanhado de sua pequena turma numa mesa redonda com o professor ali na frente, e eu, sozinha aqui atrás, sentada numa cadeira como a deles, dentro da aula mas por fora do que eles estão discutindo logo ali.
O professor fala e explica, um aluno rebate, o outro pergunta, o outro comenta... e ele – o meu marido - ali, com seu silêncio habitual fazendo parte de tudo sem sentir necessidade de se fazer notar.
Eu que sempre fui tão dada aos risos altos, às conversas descontraídas com quem acabei de conhecer e às participações efetivas de qualquer coisa que faça parte, tive extrema dificuldade para entender o jeito quieto e reservado desse homem que, de mil outras maneiras, tenta sempre me fazer feliz!
Esse silêncio e essa calmaria já foram pedra em nossa rebentação... estouravam minha estima, meu entendimento, minha necessidade de estar sempre cercada de contato e som. Como eu disse, levou um certo tempo para eu compreender – de verdade – que isso faz parte dele, que esse É ELE! Só depois de muito sofrimento, carência, incertezas e pancadas pra crescer, é que entendi que ELE É ASSIM, e que essa calmaria me equilibra, me traz pro colo, pro aconchego, pro amor...
Meu “pequeno-grande homem”, meu gigantesco companheiro, meu grande e verdadeiro amor. Com defeitos, com qualidades, com acertos e erros; que me faz ter uma vida de verdade, amar de verdade e ver um sonho virar realidade. Sem castelo, sem cavalo branco, mas com muito encantamento, magia e FELICIDADE!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

A MELHOR RELAÇÃO DO MUNDO

(Texto escrito para minha coluna RETICÊNCIAS UMA VÍRGULA, da Revista Città. Maio/2012)
         Se eu não tivesse minhas filhas talvez falasse de qualquer outro assunto, mas pertinho de celebrar o dia daquelas que geram a vida, que são colo a vida inteira e amor de ponta a cabeça, não me vem outra inspiração senão essa: a maternidade.
         Outro dia, vendo um comercial na internet, caí em prantos. Quanta emoção poder ver o que o nosso amor pode construir na vida dos nossos filhos, não é mesmo? Aqueles 2:04 mostram mães que, desde bem cedo, fizeram sacrifícios junto de sua prole (físicos, até!)  para que eles se tornassem grandes atletas. No decorrer da propaganda vamos acompanhando o crescimento daquelas crianças e comemorando cada vitória que é admirada pelos olhares cheios de lágrimas de cada mãe. No final surge a frase: “O trabalho mais difícil do mundo é o melhor trabalho do mundo.” Mais uma vez, eu tive que concordar.
         Ao passar do tempo venho percebendo que, mais difícil do que o cansaço físico e mental de educar os filhos é ver a roupinha daquele bebê, que antes cabia no seu colo, ficar curta e apertada; que eles estão preferindo a festa só com as amiguinhas do que um passeio com a mamãe. Acho difícil ver que está chegando a hora em que vai pintar a primeira paixão, as saídas noturnas, as baladas com a turma, e que aos poucos, vamos perdendo espaço e aquela necessidade que tanto nos sufocava, mas que ao mesmo tempo era tão confortável.
         Certa vez minha irmã me disse que não podemos lamentar o crescimento de nossos filhos porque “crescimento pressupõe saúde, rompimento de limites, vida vitoriosa. Não combina com sofrimento”, e é fato que depois disso passei a olhar esse transpor de fases com mais admiração e menos pesar. Comecei a comemorar minhas vitórias como mãe quando percebia os acertos e bons comportamentos delas, e a entender que o cansaço do “educar diariamente” tem recompensas diárias também.
         Passei a contemplar mais o fato de que minhas princesas estão crescendo não só em tamanho, mas também em sabedoria, alegria, graça e saúde, e a única coisa que sinto é gratidão e amor. Amor que vai ganhando um novo contorno a cada dia... oras rasura e bagunça nosso rascunho todo organizado, oras enche de cor o desenho sem graça que vínhamos rabiscando no papel da vida.
         Tenho uma amiga que, por motivo de saúde, precisa de duas injeções diárias - durante os 9 meses - para manter sua gravidez. Ela não teve medo e encarou com tanta coragem... Na verdade, pra que pudesse viver esse amor que ilumina a gente de dentro pra fora, ela tirou “esse pequeno detalhe” de letra. Marina nasceu linda e cheia de saúde. Agora, ela quis ser mãe outra vez, e há 6 meses toma as mesmas injeções, duas vezes por dia pra que seu rapazinho nasça lindo também; sem reclamar, sem arrependimento e sem dramas. Até porque ela já viu como vale a pena...
         Que todos os dias, mas especialmente nesse Dia das Mães, todas nós possamos receber abraços, beijos e todo o amor que houver nessa vida, muitas vezes representado num sorriso lindo que só vem lá no final daquele dia tão tumultuado, mas que faz tudo, tudo mesmo, ter graça, sentido e razão de ser. Que nossos filhos tenham saúde e que o perfume desse nosso dia especial, seja o cheirinho do abraço deles. Esse é o meu grande desejo a todas as Mães!

P.S: Veja o comercial e emocione-se você também: http://www.youtube.com/watch?v=RoQ1iYREvgI

quarta-feira, 7 de março de 2012

SOMOS SINAIS DE PONTUAÇÃO

         Tenho dedos afoitos e fome de letras. Não leio tanto quanto gostaria, mas escrevo bem mais do que deveria. Não. Escrever não é errado, mas eu já te explico o porquê disso se tornar um desafio, às vezes.
         Cresci sendo incentivada a escrever pelos meus professores queridos e, também, pelos colegas que compartilhavam dos meus textos e se identificavam com eles... Como sempre gostei de me revelar no papel, recebia cada palavra de incentivo com coração e asas abertas, porque o que eu mais queria mesmo era voar em cada linha, cada traço e cada história.
         Falo muito também, mas se conversarmos, talvez não me revele tanto quanto se você me der papel e caneta. Dos meus amigos sou o baú mais cerrado e trancado do mundo. Nada que me contam sai da minha boca ou do meu papel, já os meus segredos... ah, com eles não tenho pudor algum!
         Ouço os leitores vorazes dizerem que eles descobrem verdadeiros mundos nos livros e sempre me vi, de certa forma, entediada ao ter que virar a página para descobrir o novo desfecho “desse ou daquele pensamento”; talvez a minha inquietude tenha uma boa parcela de culpa nisso. Em contrapartida, sempre descobri, inventei, curei e revelei mundos que guardo em mim nas linhas que ouso rabiscar e encher de letras, e essa sensação sempre me fascinou. Amo olhar pra dentro, vasculhar minhas gavetas, jogar fora o que não cabe mais, e amo – com todas as minhas forças – arrumar o que me veste bem, o que me faz sentir bonita e de bem com a vida. Escrever me proporciona essa faxina interna. Descubro, acho, recordo, apago, amasso, jogo fora e às vezes vou no lixo buscar de volta... é um mexe-mexe danado, e a cada vasculhada descubro coisas novas, interessantes, amadurecidas e melhor aproveitadas que da última vez. Também descubro coisas que precisam de reparos urgentes; e logo trato de arranjar alguém que me ajude a fazer tudo funcionar direito!
         Outro dia, pensando nessa minha paixão tão particular por escrever, comecei a relacionar meus amigos aos sinais de pontuação. Interrogação, exclamação, ponto final, vírgula, reticências, ponto e vírgula, dois pontos, aspas... Rindo à beça, revelei à uma dessas amigas queridas que havia relacionado muitas pessoas com esses recursos. Ela, a propósito, é um super Ponto Final. Focada, auditiva, direcionada que só, não dá margem pra dúvidas.
         Adorei a experiência e comecei a listar um por um à procura de sua “pontuação gêmea”. Olha, achei tanta coisa interessante, tantas características que nunca havia prestado atenção. Percebi que, assim como nos textos, nem sempre quem lê usa a mesma entonação e os pontos que quem escreveu usou... Quantas vezes já fui surpreendida por pessoas que colocaram vírgulas onde não pus, ponto final onde eu havia colocado reticências e interrogação onde eu só digitava exclamações! Por causa dessas interpretações particulares tomadas de paixão e um só foco, quase desacreditei na minha capacidade de comunicação, mas aí, relacionando os pontos às pessoas, vi que usamos com mais freqüência aqueles que nos são comuns e habituais.
         Pois bem, em minha lista de amigos (numerosa, graças a Deus) achei quase todos os sinais de pontuação e confesso – mais uma vez – que foi algo muito divertido. Queria citar aqueles que encontrei logo de cara, mas acho melhor não criar ciumeira... Vou terminar esse texto com minhas reticências que comportam um hiato imenso e não dão brecha pra ninguém querer colocar um ponto final em nossa relação.
        O que sei – e posso dizer – é que de todas as pessoas que pensei, nenhuma é mais “Exclamação” que eu! Ri disso também, acompanhada da minha amiga “Ponto Final”, que certeira feito flecha nem me deixou pensar em outra opção pra mim! E eu a-do-rei!!!!!