O que é a vida, afinal? Respirar, levantar, andar, sentar, comer? Ah, me perdoem os que passam por aqui sem nenhuma intensidade ou com pesar, mas pra mim, a vida é bem mais!
Vejo a vida com olhos muito brilhantes. Gosto do gosto das coisas, amo o cheiro que os momentos têm, aprecio sem moderação o que posso sentir das relações, dos amores, das conversas e das amizades, enfim. Gosto da vida. Gosto de ouvi-la. Ora cheia de barulho, ora quieta que só, gosto de tudo que é dela!
Mas a vida é muito frágil também. Fio invisível que quando se rompe cala toda a festa, apaga todo o brilho, desmancha toda a decoração. De um minuto pro outro, o vento que espalha o pólen cessa, a chuva que alimenta a vida seca, o sol que traz o calor acinzenta. Estranho ver a vida ir.
Hoje, em dia gostoso de chuva que pude passar INTEIRINHO em casa com minhas meninas, pensava e escrevia sobre a vida quando fui surpreendida pelo fim de uma que eu tanto quis bem. Meu tio querido, lembrança de olhar gostoso e sorriso sempre à minha disposição. Bem menos convivência do que eu realmente gostaria que tivesse sido, mas com os “EU TE AMO(s)” que eu queria dizer, devidamente ditos toda vez que o via. Mês passado, já bem cansado, fui vê-lo. Os carinhos que hoje fiz quando a vida já cantava longe dali, fiz enquanto ele pôde sentir. Os beijos que hoje eu dei no rosto que não me sentia mais, dei enquanto o sangue corria quente também. Ele foi em paz, eu sei. E assim eu fiquei também. Eu estive aqui, assim como estava ali. Que bom.
O fim da vida dele me levou para dentro de um PS de hospital público, e me fez conhecer a realidade desumana que tantas pessoas que sofrem precisam encarar. Pra fechar com “chave de ouro”, vejo chegar uma menina desmaiada, cabeça estourada (que depois ganhou 8 pontos), vítima da ira da própria mãe. Eu agradeci a Deus por nunca ter me mostrado tudo isso antes, chorei por aquela criança bem mais do que chorei pelo meu tio, e pedi que Ele faça TODA vida valer a pena. Não só a minha, mas a de todos nós que buscamos aqui nesse lugar, o calor das mãos, o aconchego do amor, a serenidade da paz.
Ao voltar pra casa, mais chuva alimentando mais vida e um único pensamento: “Isso aqui acaba rápido demais...” Eu quero mais é aproveitar o bom da vida, o calor das pessoas e do amor que delas posso colher (e dar).
A vida é agora. Está acontecendo. Tem que valer!
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