quarta-feira, 27 de abril de 2011

"NOSSOS" SAPATINHOS...

            Quando me tornei mãe (primeiro da Clara e depois da Helena) adquiri a síndrome da angústia-insegurança-expectativa-materna imediatamente! Tinha receio de que minhas filhas fossem tão diferentes de mim a ponto de eu não saber lidar com isso, e ao mesmo tempo tinha muito medo de que elas viessem com minhas “pequenas imperfeições” e eu me visse pagando os pecados pelo que fiz com minha mãe na adolescência! Rs

            Enquanto Clara foi crescendo e me mostrando quem ela era de fato (ou apenas SE revelando ao mundo), fui vendo que a coisa era mesmo complicada pra mim. Aquela princesinha que vi nascer e idealizei jeito, trejeitos e atitudes veio e-xa-ta-men-te o meu oposto. Retraída, tímida, ODEIA se sentir observada. Eu não entendia NADA! Como eu podia ter gerado alguém tão diferente de mim??? Bom, com o tempo, o que poderia ser natural e apenas ser parte da personalidade dela, passou a ser uma grande preocupação pra mim. Procurei psicóloga, pediatra comportamental e psicopedagogas que me dessem uma receita de como eu poderia “mudar o jeito dela”! O que eu ouvia delas? “Mas mudá-la pra que? O que te incomoda tanto?” Eu não sabia responder. Mas o que eu sabia (e tinha certeza) é que EU não sabia lidar com aquilo.

            Ouvi quem tinha experiência, aproveitei o máximo que pude de muitos - sábios - conselhos que recebi e passei a RESPEITAR a Clara. Ela era minha filha, e não eu! As minhas expectativas e projeções sobre o que ela seria eram problema meu, não dela. Não foi ela quem sonhou, quem planejou ou idealizou tudo aquilo que povoava minha cabeça, mas eu! E naquele momento eu tinha que aceitar que eu havia simplesmente gerado alguém, não “criado” alguém.

            Deixei o tempo passar e mudei pequenas atitudes em relação à essa ansiedade. Passei também a aceitar nossas diferenças e a buscar nossas semelhanças. Não é que as encontrei?! E não só 1, 2 ou 3, mas VÁRIAS!

            Hoje, alguns aninhos depois, olho pra trás e vejo quanto tempo perdi comigo mesma travando uma batalha completamente sem razão. Revejo tudo e acho lindíssimo o fato da minha pequena ser tão “grande”, autêntica, dona de si e com personalidade forte e determinada desde sempre. Ela não se dobrou às inúmeras chantagens que fiz -  mesmo de forma inconsciente, e se mostrou forte o bastante pra, do alto dos seus 3, 4 aninhos, continuar me enfrentando (ou simplesmente se posicionando) e mantendo seu jeito, seu temperamento e sua forma de ser. Olha só que coisa mais linda?!? E que orgulho!!!

            Há poucas horas, recebi aqui em casa a deliciosa visita de uma amiga querida que me ajudou muito nessa fase de observação-aceitação-admiração e ouvi dela uma frase que jorrou inspiração nesse terreno em que cultivo palavras... Leitora desse espaço - que já é delicioso pra mim - ela viu minha pequerruxa calçando meu sapato de saltinho e comentou o fato dela estar tão mocinha. Depois finalizou: “Viu? Os seus sapatinhos – que na verdade são nossos – também cabem nos pés dela”.


            Eu entendi perfeitamente o recado, e devo confessar com MUITO orgulho: CABEM MESMO, Bia! Direitinho! ;-)

terça-feira, 26 de abril de 2011

"COMEÇAR DE NOVO E CONTAR COMIGO..."

        Todo mundo já viveu, pelo menos, uma fase esquisita na vida! Você acorda e começa a se perguntar quem realmente é, do que realmente gosta, porque algumas coisas andam te tirando tanto do sério quando antes você nem as percebia, e por aí vai... É fase de questionamento, de mudança, amadurecimento.
         Quando entro em fases assim sempre acho que meu mundo está caindo. Entro em desespero quando imagino que estou perdida, confusa ou me achando chata. Começo, imediatamente, a pensar em perdas, em saudade, em solidão. E aí a coisa piora, né? Claro!
         Sou alegre por natureza! Minha essência é de sorrisos, de perdão (amém!), de querer conversar pra raiva passar ou pro mal entendido virar um capítulo do passado. Sempre dá certo. Mas em contrapartida, também sou de um temperamento um tanto quanto forte. Tenho opinião, e FALO minha opinião. Tenho sempre um cuidado tremendo pra não me impor, pra não ser invasiva ou “a dona da verdade” (aliás, odeio esse tipinho!), mas falo o que penso sempre.
         Então, ora alegre, ora brincalhona e ora tendo que bancar a durona, me peguei numa dessas fases de tremenda perturbação. “Quem sou? Onde estou? Para onde vou?”
         Lá estava eu, numa segunda, terceira, quarta ou quinta vez na vida, me perguntando tudo isso de novo... Só que dessa vez foi diferente! Eu estava com mais de 30 anos (quase 33), mãe de duas filhotas lindas, esposa de um cara super do bem, trabalhando, construindo com unhas e dentes uma carreira sólida e sonhada, começando um projeto novo, mais madura, mais mulher mesmo...
         Enquanto as dúvidas insistiam em pipocar na minha cabeça, sofri. Mas bastou um tempo pra tentar resolver isso de verdade pra tudo virar, mais uma vez, uma grande vitória. Parei, chamei duas grandes amigas (que em outras vidas foram minhas irmãs – COM CERTEZA!) e falei, falei, falei. Mas, mais do que isso, ouvi, ouvi, ouvi. Foi momento de olhar pra dentro, responder coisas simples, aceitar outras mais simples ainda.
         No final, percebi que o que realmente aconteceu ali foi uma libertação feita através do amor. E pode parecer forte demais, dramático demais, mas não é. Foi exatamente isso! E foi momento de comemorar!
SEI MUITO BEM QUEM SOU. TENHO CERTEZA DE ONDE ESTOU. SEI EXATAMENTE PARA ONDE QUERO IR (e onde vou chegar!)!
         Lembrando da história da águia, que numa dessas fases de recomeço sofre trocando suas próprias garras, penas e bico pra ficar forte outra vez, ao final de nosso encontro – quase mágico, onde ouvindo também consegui me ouvir - me senti como essa forte ave de rapina. Dessa vez arranquei minhas garras. Aliás, eu apenas as troquei; e as novas são ainda mais fortes e bonitas que as anteriores.
         Recomecei.      

         OBS: Quem tem amigos de ver-da-de num é MUITO FELIZ?  ;)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Exposição ou casulo?

Desde pequena, exibida por natureza. Assumida!
Sempre gostei de falar, de estar à frente de um grupo, de "aparecer" mesmo - sem rodeios ou floreios! rs
Cresci e escolhi minha profissão. Não poderia ser outra: TELEVISÃO. Com a cara e a coragem aceitei um convite e comecei a apresentar um programa de entretenimento. Pra minha sorte, virou mania na cidade, e com isso, cresceu em mim a certeza de que "aparecendo" eu fazia o treco direitinho!
O tempo foi passando... 8 anos ali na telinha mostrando as novidades da minha terra, e aí, as pessoas da cidade começaram a se acostumar com minha fuça lá naquele quadradinho. Eu entro nas casas delas todas as semanas, conto as novidades (até as minhas!), mostro as festas, as badalações e tudo mais que rola “pelacá”! Resultado: eu passei a fazer parte da família e do circulo de amigos de muitas dessas pessoas que eu nem conheço ou nunca vi. Normal. A gente se acostuma com quem vê sempre e acha que conhece também.
Percebi que aquela minha vontade de "aparecer" da infância e da adolescência foram dando lugar à aflição que surgiu na maturidade. Queria ver meu trabalho, meu talento e meu carisma reconhecidos. NÃO EU. Difícil, né? Mas foi o que aconteceu. Ou melhor, é o que vem acontecendo...
De uns tempos pra cá percebi que queria passar despercebida em inúmeras situações, mas nem sempre dá... Algumas pessoas logo associam minha imagem “àquela menina da televisão” e aí, lá estou eu, descoberta (destampada mesmo!), me sentindo vítima de um dos maiores sonhos que tive na vida.
Não sou famosa não, tá? Neeeeeeeeeeeem de longe!
A cidade é pequena, o programa é exibido no canal local e só quem me vê é quem mora por aqui... mas são mais de 150.000 pessoas, né? Ou seja: minha roda de conhecidos deu uma espichada danada! E o pior (ou mais estranho): a roda de pessoas que ME conhece aumentou (pois o contrário nem sempre se aplica!).
Nada disso seria tema de “debate interno” se eu fosse menos rebelde. É. Pois é! Verdade! Assumida também!
Contestadora por natureza, quero sempre dizer o que penso, do que concordo e principalmente discordo. Aí já viu, né? É um tal de me achar polêmica, descuidada com a imagem... Ui. Pra quem tem pouco saco pra essas coisas, isso virou fardo. Difícil MESMO de carregar.
Sou alma muito livre. Sempre me senti assim... meus sapatinhos sempre foram de vento, acho. Nunca senti nada me amarrando, apertando, me guiando. Nada além de mim.
Aí, moço, sentir que devo dizer isso ou aquilo; fazer isso ou aquilo; usar esse ou aquele tom (ou volume) passou a ser algo complicado...
Não reclamo do que já conquistei até agora (e foi tudo com meu próprio esforço e dedicação, diga-se de passagem!), mas é que nessa altura da minha vida tenho me perguntado se o talento se desenvolveu por causa dos sonhos da menina que queria ser atriz e ouvir os aplausos, ou se é coisa de dom, de talento e vontade mesmo...
Enquanto não descubro continuo fazendo o que sei fazer... e agora, encaro um novo desafio: programa novo, cheio de gás vindo por aí. E que seja lindo, que seja profissional, que tem a minha cara e a minha alegria (isso sobra, GRAÇAS A DEUS!). Quando puder, me escondo atrás de alguém pra gritar minhas verdades e soltar meu jeitão descuidado de ser... e quando sobrar coragem - e paciência pra tolerar as críticas e avaliações a meu respeito - boto a cara à tapa e saio berrando tudo o que penso e tudo o que sou. Sem medo de ser feliz!