quarta-feira, 23 de outubro de 2013

EU TE AMO E GOSTARIA QUE VOCÊ SOUBESSE DISSO..

(Texto da minha coluna Reticências Uma Vírgula, da Revista Città, publicada nesse mês de outubro/13)
          
          Antes de começar a primeira palavra do texto fiquei longos minutos olhando pra tela do computador tentando decidir qual assunto conversar com você dessa vez... Nem sempre é fácil, sabia? E acredite: nunca é por falta de

assunto, mas, geralmente, por ter 2, 3, 4 em mente e não conseguir decidir qual é o que estou mais ansiosa pra te contar. Pois é... a cada dois meses aqui estou eu, abrindo meu coração pra você e te falando de pensamentos muito íntimos, e, mesmo talvez não conhecendo você pessoalmente eu me revelo confiando que você vai entender exatamente o que quero dizer ou o que estou sentindo quando escrevo.
         Nas últimas semanas, me peguei pensando – várias vezes! - em quantas pessoas especiais me cercam e de como sou sortuda por ter inúmeros amigos e parceiros nessa vida. Mas, pensando nas “presenças” da minha vida, pensei também nas “ausências” sentidas, nas pessoas que amo e que fazem tanta falta... Usei um tempo livre que tive como desculpa perfeita pra organizar essa gaveta-interna-de-sentimentos onde eu guardava tantas interrogações (ou, pelo menos tentar organizar!). Quer saber uma coisa inquietante? As interrogações continuam lá, mas pensar sobre as coisas que sinto sempre me faz bem. Eu cresço.
         Não quero fazer a lista das minhas saudades porque não é o caso, mas queria que a gente pensasse junto sobre essa coisa louca de amar e não se importar em fazer outro perceber nosso amor!
Tem gente que ama, mas que se sente completo apenas sentindo esse amor. Tem gente que precisa demonstrar pra sentir que amou. Tem gente que precisa dizer pra ter certeza que amou. Tem gente que precisa sentir o amor do outro pra ter certeza que é amado. Tem gente que tem certeza que é sem precisar de demonstrações, nem de ouvir e nem ler. Cada um lida com isso do seu jeito...
         Não tem ninguém pior e nem melhor nessa história, sabe? Não tem um que seja mais ou menos evoluído que o outro. Isso é coisa de cada coração, e precisa ser respeitada... Inclusive, respeitar o jeito do outro amar, é amar também. Mas ninguém está sozinho. Ninguém ama sozinho. É preciso enxergar quem amamos, porque se não nos importamos com o que essa pessoa sente, também não é amor.
         Se só me preocupo em amar do meu jeito e esqueço o quão importante é fazer quem amo perceber meu sentimento, sou egoísta e covarde. A vida é só essa. Não quero me sentir amada e importante quando envelhecer e for alguém mais madura, sábia ou consciente da vida. Tenho pressa dessa coisa chamada “viver”. Como boa cinestésica que sou, preciso sentir o amor que ofereço e o que recebo também.
Não, não, não... Pode parar porque já sei o que você está pensando de mim, e vou logo adiantando: não sou melosa, detesto cenas passionais, arroubos de gente afoita em provar seus sentimentos a todo custo. Na verdade, tenho até preguiça dessa coisa toda – que até parece meio montada, convenhamos! No vai e vem dos dias somos rápidos e as coisas fluem com naturalidade, com agilidade, então, se é amor de verdade, não tem que ter muito drama, né? Não pode virar esforço, porque senão, cansa até mesmo o maior dos amores.
O que quero dizer é que, tão gostoso quanto sentir-se amado, é deixar o outro com o coração cheio desse sentimento maravilhoso também. Onde existe amor, há também a preocupação em fazer feliz.

Se não é amor, não se preocupe com nada disso, mas se for, não deixe dúvidas. Não tenha dúvidas. Fale. Ouça. Entenda. Sente-se na cadeira do outro e tente enxergar as coisas a partir da sua ótica. Peça pra que ele se sente na sua cadeira e tente ver as coisas como você vê. Só onde há amor de verdade, há essa troca e esse cuidado. Bem disse Pablo Neruda: “Amor é feito espelho: tem que ter reflexo”.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

DO CAMPING AO PRÉ-NATAL

         No meu último aniversário (há 11 dias) duas pessoas queridas deixaram recados pra mim dizendo que sou um “ímã de atrair pessoas”. Dei uma risada gostosa na hora em que li aquilo porque acho que é assim que me sinto também. Por onde passo vou seguindo e carregando quem me fizer bem, sabe?! Agarro pelo braço, pela mão, pela cintura e, geralmente - com muito orgulho e alegria - pelo coração!
         Penso em pessoas que conheci enquanto ainda chupava chupeta e que ainda são tão vivas na minha lembrança! Às vezes tenho contato com uma e outra e fico impressionada pela forma como ainda somos íntimas e próximas mesmo sem contato há 5, 10, 15, 20 anos. Surpreendente, né?! E delicioso também, pode apostar!
         Hoje reencontrei na internet um desses amigos da infância... Nos conhecemos quando tínhamos 6 anos de idade, num camping, numa das férias que passamos no Rio de Janeiro. Sou do Espírito Santo, ele de Brasília. Poderíamos nunca mais ter tido contato, mas nossos pais anotaram nossos telefones e nos incentivaram, nos primeiros anos seguintes, a trocarmos telefonemas alegres e deliciosos em nossos respectivos aniversários. Eu ligava pra ele para dar os parabéns, e ele ligava pra mim no meu dia. Fizemos isso por ANOS, até que veio a adolescência e nossos “hormônios” roubaram a atenção, nos desviando desse nosso costume.
         Anos depois recebo uma carta. Era a mãe dele – a Tia Beth – contando as notícias de lá e querendo saber as de cá. Tudo recomeçou. Delícia!
         Vieram os amores, o meu amor, minha gravidez precoce e minha decisão de casar. Recebo outra carta dela, dessa vez recheada de conselhos pra vida, emoção e experiências. Na véspera do meu casamento, minha mãe me telefona pra eu correr pra casa porque tinha uma surpresa me esperando. No caminho fui quebrando a cabeça tentando imaginar que presente de casamento poderia ser. A geladeira? O fogão? Uma televisão ma-ra-vi-lho-sa?
Quando chego, o que vejo? Os pais desse meu amigo que vieram especialmente para o DIA DO MEU SIM! Fiquei sem voz, sem conseguir acreditar e dali pra frente foram muitos abraços, carinho no rosto e muitos risos altos! Qual presente de casamento poderia ser mais maravilhoso que esse?
Hoje, na hora desse reencontro virtual, festa, alegria, trocas de mensagens e um aplicativo no celular que nos permite falar como num “walk talk”. Conversamos por quase meia hora e falamos da vida, de nossas carreiras, da nossa saudade, das minhas filhas e do bebê dele que chega em janeiro (e que ele e a esposa não querem saber o sexo antes do nascimento). Combinamos nosso encontro para o ano que vem – depois de 28 anos sem nenhum abraço sequer – quando ele virá de férias de Nova York, que é onde mora com a família que construiu.
Na última mensagem, ouço dele: “... algumas coisas são fantásticas! Não entendo como algumas pessoas não acreditam em religião ou em coisas fenomenais”.
Nem eu entendo, Fábio... Pra mim é fantástico e fenomenal ter construído esse história com a sua ajuda. O carinho que tenho por você, por sua família e por essa nossa história é inenarrável! Só pode mesmo ter sido presente de Deus!
Nesses anos todos, a única coisa que mudou pra gente foi termos crescido! E só! Que dia feliz!!!!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

“COMPOSITOR DE DESTINOS, TAMBOR DE TODOS OS RITMOS; TEMPO, TEMPO, TEMPO, TEMPO...” (Caetano Veloso)

Uns o temem. Outros o apreciam. Uns o culpam por alguns “estragos”. Outros o consideram um santo remédio. O tempo é realmente um grande mistério. Passa no seu próprio compasso e não há quem possa freá-lo.
Outro dia, sozinha no carro a caminho da casa de uma amiga de infância, olhava o dia lindo, abri a janela e dei uma respirada gostosa enquanto pensava no tempo... Senti imensa gratidão por ter visto que ele tem sido tão generoso comigo. 
 Comecei a lembrar do tempo de escola e da época em que conheci essa amiga linda, a Gabi – que me acompanha há exatos 26 anos! Foi passando um filme na minha cabeça e senti tanto orgulho da nossa amizade. Olha só que coisa linda: éramos duas crianças, vimos chegar a adolescência e a vontade louca de descobrir o mundo, compartilhamos a ansiedade da juventude, as alegrias dos amores que vivemos, as dores das histórias que tiveram fim. Sentimos saudade quando ficávamos meses e meses sem um encontro sequer, fomos o ombro uma da outra quando uma tristeza nos fazia pensar que aquilo era o fim do mundo... e olha agora: eu, uma mulher, adulta, casada (e ela estava no altar como uma das minhas madrinhas de casamento, claro!), mãe de duas filhas, indo buscá-la de carro, sozinha e no perfil independente que é tão a minha cara. Cresci. Crescemos. O tempo passou pra mim. Passou também pra ela. Pra nós. E que lindo ver o que ele escreveu em nossas histórias (as nossas individuais e a que temos em comum).
Penso na Gabi, nos encontros que tive com meus irmãos, na mudança de ótica em relação aos meus pais, no desenrolar da minha história com meu marido (que daria um livro, pode acreditar!), nas mudanças de fases das minhas filhas até agora... Como o tempo é legal!
Muitas coisas se perderam e muitas outras foram construídas ao longo do (meu) tempo, e pensando em tudo isso cheguei a algumas conclusões: o tempo só destrói o que é frágil o suficiente pra ser destruído, e só mantém o que é forte o suficiente para vencer os obstáculos, as dificuldades e merece ser “pra sempre”. É sábio!
Faço poucos planos. Não porque eu não tenha muitos, mas porque sei que as coisas mudam muito, sem aviso prévio, e que as surpresas traçam novos e surpreendentes caminhos. Alimento meus sonhos pra ter um norte, mas aprendi a confiar no destino também. Escrevo minha história com minha caneta em punho, rabiscando sempre o que sai do meu coração nas linhas que esse amigo – o tempo – coloca à minha disposição. E tem ficado bom... Somos bons parceiros!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

VAI DAR TUDO CERTO!

Já reparou que toda vez que estamos enfrentando uma situação difícil alguém nos fala: “VAI DAR TUDO CERTO!”? Pois é, já passei por diferentes episódios e sempre que o negócio ficava feio, alguém tentava me animar falando isso...
Hoje, revendo no youtube o momento do acidente do Ayrton Senna, em 1994, ouvi Galvão Bueno – que narrava tudo com emoção – dizer que “daria tudo certo”. E ele foi além: “Deus está do lado de quem é bom, de quem faz o bem”. Ora, então Ele não esteve ali, naquele momento ou o Senna não era tão bom? A resposta é: UMA COISA NÃO TEM NADA A VER COM A OUTRA! Morte não é castigo e não morrem apenas os maus.
Uma vez, ao terminar um namoro (ou melhor, ao “ser terminada”! rs) sofri tanto, mas tanto, mas tanto que achei que nunca mais amaria alguém; e minhas amigas me abraçavam e diziam a famosa frase mágica. Naquele momento, tudo o que eu entendia com aquilo era: “Vocês vão voltar”. Anos depois entendi que DAR TUDO CERTO – pelo menos naquele caso – significava seguir outro caminho, encontrar meu marido, viver o que vivemos, casar e ter nossas filhas (e continuar vivendo o que estamos vivendo!).
Há poucos minutos caí na besteira de abrir um outro vídeo no youtube, mas esse mostrava uma matéria realizada num desses hospitais do Brasil sem nenhum recurso, medicamento e profissionais. Na cena, a mãe da menininha de aproximadamente 2 anos chorava desesperadamente ao ver a filha sem conseguir respirar direito por causa da pneumonia que deixava a pobrezinha sem nenhuma reação. Desespero meu também ao ver a cena e pensar nas minhas filhas, no meu plano de saúde, da sorte que tenho em saber que aquela não é a nossa realidade e do pesar em saber que aquela é a (DURÍSSIMA) realidade de tantos.
A repórter, extremamente sensibilizada com a cena, afaga a mãe e pede: “Calma. Vai dar tudo certo!” A matéria acaba com a cena da porta de uma UTI improvisada sendo fechada e com a voz da repórter dizendo que, minutos depois, a Ruth – a tal menininha que vai demorar a sair do meu pensamento – vinha a falecer. Não deu tudo certo... ou deu, não sei! Era a hora dela? A mãe precisava passar por isso para aprender algo (?)? Aquela médica precisava daquela experiência pra aprender algo? Sinceramente, não sei. O que sei é que a partir de agora vou me policiar para não dizer mais essa frase...
Quando seu time estiver disputando a final de um campeonato; quando alguém que você ama estiver mal; quando um amor chegar ao fim; quando um filho estiver doente; quando você precisar muito ouvir uma resposta positiva, faça o que vou tentar fazer a partir de agora: ao invés de dizer “Vai dar tudo certo”, diga “Está entregue nas mãos de Deus e ele fará o que tiver que ser feito. Que eu possa comemorar, ou que Ele me ajude a entender”.