(Texto da minha coluna Reticências Uma Vírgula, da Revista Città, publicada nesse mês de outubro/13)
Antes de começar a primeira palavra do texto
fiquei longos minutos olhando pra tela do computador tentando decidir qual
assunto conversar com você dessa vez... Nem sempre é fácil, sabia? E acredite:
nunca é por falta de
assunto, mas, geralmente, por ter 2, 3, 4 em mente e não conseguir decidir qual é o que estou mais ansiosa pra te contar. Pois é... a cada dois meses aqui estou eu, abrindo meu coração pra você e te falando de pensamentos muito íntimos, e, mesmo talvez não conhecendo você pessoalmente eu me revelo confiando que você vai entender exatamente o que quero dizer ou o que estou sentindo quando escrevo.
Nas
últimas semanas, me peguei pensando – várias vezes! - em quantas pessoas
especiais me cercam e de como sou sortuda por ter inúmeros amigos e parceiros nessa
vida. Mas, pensando nas “presenças” da minha vida, pensei também nas
“ausências” sentidas, nas pessoas que amo e que fazem tanta falta... Usei um
tempo livre que tive como desculpa perfeita pra organizar essa
gaveta-interna-de-sentimentos onde eu guardava tantas interrogações (ou, pelo
menos tentar organizar!). Quer saber uma coisa inquietante? As interrogações
continuam lá, mas pensar sobre as coisas que sinto sempre me faz bem. Eu
cresço.
Não
quero fazer a lista das minhas saudades porque não é o caso, mas queria que a
gente pensasse junto sobre essa coisa louca de amar e não se importar em fazer
outro perceber nosso amor!
Tem gente que ama,
mas que se sente completo apenas sentindo esse amor. Tem gente que precisa
demonstrar pra sentir que amou. Tem gente que precisa dizer pra ter certeza que
amou. Tem gente que precisa sentir o amor do outro pra ter certeza que é amado.
Tem gente que tem certeza que é sem precisar de demonstrações, nem de ouvir e
nem ler. Cada um lida com isso do seu jeito...
Não
tem ninguém pior e nem melhor nessa história, sabe? Não tem um que seja mais ou
menos evoluído que o outro. Isso é coisa de cada coração, e precisa ser
respeitada... Inclusive, respeitar o jeito do outro amar, é amar também. Mas
ninguém está sozinho. Ninguém ama sozinho. É preciso enxergar quem amamos, porque
se não nos importamos com o que essa pessoa sente, também não é amor.
Se
só me preocupo em amar do meu jeito e esqueço o quão importante é fazer quem
amo perceber meu sentimento, sou egoísta e covarde. A vida é só essa. Não quero
me sentir amada e importante quando envelhecer e for alguém mais madura, sábia
ou consciente da vida. Tenho pressa dessa coisa chamada “viver”. Como boa
cinestésica que sou, preciso sentir o amor que ofereço e o que recebo também.
Não, não, não...
Pode parar porque já sei o que você está pensando de mim, e vou logo
adiantando: não sou melosa, detesto cenas passionais, arroubos de gente afoita
em provar seus sentimentos a todo custo. Na verdade, tenho até preguiça dessa
coisa toda – que até parece meio montada, convenhamos! No vai e vem dos dias
somos rápidos e as coisas fluem com naturalidade, com agilidade, então, se é
amor de verdade, não tem que ter muito drama, né? Não pode virar esforço,
porque senão, cansa até mesmo o maior dos amores.
O que quero dizer é
que, tão gostoso quanto sentir-se amado, é deixar o outro com o coração cheio desse
sentimento maravilhoso também. Onde existe amor, há também a preocupação em
fazer feliz.
Se não é amor, não
se preocupe com nada disso, mas se for, não deixe dúvidas. Não tenha dúvidas.
Fale. Ouça. Entenda. Sente-se na cadeira do outro e tente enxergar as coisas a
partir da sua ótica. Peça pra que ele se sente na sua cadeira e tente ver as
coisas como você vê. Só onde há amor de verdade, há essa troca e esse cuidado.
Bem disse Pablo Neruda: “Amor é feito espelho: tem que ter reflexo”.