terça-feira, 28 de agosto de 2012

VAI DAR TUDO CERTO!

Já reparou que toda vez que estamos enfrentando uma situação difícil alguém nos fala: “VAI DAR TUDO CERTO!”? Pois é, já passei por diferentes episódios e sempre que o negócio ficava feio, alguém tentava me animar falando isso...
Hoje, revendo no youtube o momento do acidente do Ayrton Senna, em 1994, ouvi Galvão Bueno – que narrava tudo com emoção – dizer que “daria tudo certo”. E ele foi além: “Deus está do lado de quem é bom, de quem faz o bem”. Ora, então Ele não esteve ali, naquele momento ou o Senna não era tão bom? A resposta é: UMA COISA NÃO TEM NADA A VER COM A OUTRA! Morte não é castigo e não morrem apenas os maus.
Uma vez, ao terminar um namoro (ou melhor, ao “ser terminada”! rs) sofri tanto, mas tanto, mas tanto que achei que nunca mais amaria alguém; e minhas amigas me abraçavam e diziam a famosa frase mágica. Naquele momento, tudo o que eu entendia com aquilo era: “Vocês vão voltar”. Anos depois entendi que DAR TUDO CERTO – pelo menos naquele caso – significava seguir outro caminho, encontrar meu marido, viver o que vivemos, casar e ter nossas filhas (e continuar vivendo o que estamos vivendo!).
Há poucos minutos caí na besteira de abrir um outro vídeo no youtube, mas esse mostrava uma matéria realizada num desses hospitais do Brasil sem nenhum recurso, medicamento e profissionais. Na cena, a mãe da menininha de aproximadamente 2 anos chorava desesperadamente ao ver a filha sem conseguir respirar direito por causa da pneumonia que deixava a pobrezinha sem nenhuma reação. Desespero meu também ao ver a cena e pensar nas minhas filhas, no meu plano de saúde, da sorte que tenho em saber que aquela não é a nossa realidade e do pesar em saber que aquela é a (DURÍSSIMA) realidade de tantos.
A repórter, extremamente sensibilizada com a cena, afaga a mãe e pede: “Calma. Vai dar tudo certo!” A matéria acaba com a cena da porta de uma UTI improvisada sendo fechada e com a voz da repórter dizendo que, minutos depois, a Ruth – a tal menininha que vai demorar a sair do meu pensamento – vinha a falecer. Não deu tudo certo... ou deu, não sei! Era a hora dela? A mãe precisava passar por isso para aprender algo (?)? Aquela médica precisava daquela experiência pra aprender algo? Sinceramente, não sei. O que sei é que a partir de agora vou me policiar para não dizer mais essa frase...
Quando seu time estiver disputando a final de um campeonato; quando alguém que você ama estiver mal; quando um amor chegar ao fim; quando um filho estiver doente; quando você precisar muito ouvir uma resposta positiva, faça o que vou tentar fazer a partir de agora: ao invés de dizer “Vai dar tudo certo”, diga “Está entregue nas mãos de Deus e ele fará o que tiver que ser feito. Que eu possa comemorar, ou que Ele me ajude a entender”.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

DESCONHEÇO VERDADES ABSOLUTAS

            Desde pequena sempre me disseram que eu era precoce. Fui crescendo e concordando, sabe?! Realmente sempre fui a mais “saidinha” da turma, a que levava os assuntos novos, a que queria dirigir com 12 anos (e comecei com 13), a que foi considerada “rebelde” por querer fazer tudo a seu tempo e a seu modo.
            É... não deve ter sido nada fácil conseguir me explicar o porquê das coisas, o porquê dos “NÃOS”, a necessidade da discrição, do “resguardar-se”. Sempre me sentindo muito livre e avessa às amarras, não entendia porque eu devia obediência e satisfação à sociedade, se tudo que realmente valia e importava pra mim era o que eu pensava e o que eu sentia. E vou logo avisando: mesmo tão dona das minhas próprias regras, sempre fui uma menina muito do bem. Graças a Deus, aprendi bem cedo a respeitar as pessoas e o sentimento delas, sempre tive pavor de coisas ilícitas e perigosas. Papai do Céu fez a coisa na medida: me fez “pra frente” para umas coisas e muito medrosa para outras (e isso me manteve viva, sem ferimentos e realmente livre em muitas situações. rs)!
            Mas quero chegar na parte em que me senti amadurecendo, crescendo... Crescer é ruim por muitos motivos, como por exemplo: Não caber mais no colo dos pais; Perder o posto de bebê e ficar sem os mimos; Poder ganhar as coisas no grito...
Em contrapartida, é bom por inúmeras razões, como: Você entende que nem todo amor e carinho está no colo de alguém, e passa a fazer muito mais uso desse mecanismo tão restaurador; Você passa a ser quem mima e quem atrai os bebês (e bebê renova a energia da gente de uma forma surpreendente)! Você aprende a ganhar as coisas na garra, com força, coragem. Você aprende que, ou vai pra cima, se arrisca e tenta, ou fica sem o que sonha, porque os gritos não convencem mais ninguém!
            Crescer permite chorar com razão, enxugar as lágrimas e a partir delas fazer um balanço do que anda bem ou mal. Dá coragem pra assumir quando as coisas não estão legais e então, recomeçar pra fazer melhor. Pedir desculpas à alguém ganha um sentido bem maior e mais intenso... não é só pra se livrar do castigos dos pais após o beliscão no irmão. Você começa a enxergar o outro, independente da sua ótica, da sua visão e do seu degrau. O centro da Terra sai do nosso umbigo e vai pro meio da roda. É massa!
            Me sinto precoce quando me lembro da vontade louca que sentia de crescer, e dos poucos momentos de tristeza que senti por ter crescido... Sinto muita SAUDADE da infância e das histórias daquele tempo, mas tristeza, não! Adorei a sensação que o tempo me trouxe de rever VERDADES. O que é uma verdade, afinal?! Nesse fim de semana fiquei pensando nisso durante o banho e desmontei um monte de verdades pré-estabelecidas pela sociedade (ela de novo!). “Todo político é corrupto”; “Casamento é uma droga”, “Filho é a melhor coisa do mundo”, “Mulher só quer homem rico”, “Todo homem trai”. Ah, pra cada afirmação digo que achei várias vertentes, brechas e exceções. Nem tudo é tão duro, fechado e reto. O que seria da vida sem as curvas, sem os caminhos paralelos, sem a ótica individual das pessoas?
            Posso estar enganada, mas acho que são esses “poréns” que dão mais cor à vida da gente... aprender com o aprendizado particular do outro, poder olhar as coisas de outra forma a partir de uma lição de um vizinho e, se não concordar, pelo menos entender e respeitar outros modos de pensar (e às vezes agir)... isso tudo é muito construtivo!
            Desconheço verdades absolutas (e procuro evitar quem jura conhecê-las). Nada é fechado. Nada (ou quase nada) tem ponto final e creio que tudo pode mudar. Por isso gosto tanto das reticências...

terça-feira, 21 de agosto de 2012

AMOR AMADURECE...

"Nosso amor se transformou. Acordamos um belo dia e vimos que havíamos virado, praticamente, irmãos. Não é esse tipo de sentimento que deve haver entre um homem e uma mulher que querem se casar. Viramos amigos e não sentíamos mais aquela paixão do início do nosso namoro"

            Acabo de ler essa declaração que a ex-noiva de um artista deu para anunciar a separação do casal. Fiquei olhando, lendo e relendo... Sem nenhum julgamento (até porque, só mesmo um casal pode saber o que acontece entre os dois), olhei para a foto dos dois e conversei “sozinha e com eles”, perguntando – pra nós 3 – qual era a novidade disso! Ora, desde sempre soube que o sentimento se transforma mesmo! Com exceção da adolescência – fase em que eu realmente achei que o Tom Cruise daria um rasante sobre minha casa e me levaria direto para o TOP GUN com seu caça; e que também tinha certeza que o Patrick Swayze me ensinaria aquela última dança onde eu pularia cheia de segurança em seus braços num Ritmo Quente, eu sempre soube que amor é assim mesmo: mais calmo, mais sereno e mais “eterno”, enquanto paixão – deliciosa e ardente, é também conturbada e tem data de validade.
            Amor é exatamente essa transformação... não que eu ache que marido tem que virar irmão e que o calor entre o casal deve virar sentimento fraternal (pra sempre). Não mesmo! Mas acho inevitável que isso aconteça entre uma fase e outra, em momentos específicos da vida e da relação.
            Quantas vezes, para o meu marido, já fui a irmã mais nova que precisa ser orientada; a irmã mais velha que quer dominar o território; a filha que precisa de colo; a mãe que ajuda e orienta; a irmã gêmea que está passando pela mesma fase e está ali pra amparar e lembrar do amor à família?! Quantas vezes já fui a professora, a aluna, a colega de rua e a paquera da infância?! Ah, já fui tantas em uma só... e nunca deixei de ser a esposa!
            Seria uma delícia se conseguíssemos manter a paixão do início do namoro, mas ao mesmo tempo, que bom que também há a calmaria, o colo sem segundas intenções, o abraço de apoio, o beijo de admiração e carinho.
            Amadurecemos em muitos aspectos, mas estamos adolescendo emocionalmente... Queremos um amor de novela, jantares a luz de velas todos os dias, vestidos vermelhos com fendas enormes só pra dançar uma música romântica na sala de estar. Isso é fantasia, é ilusão, é decepção, porque na vida real quem é assim?
            Namorado, marido ou noivo também é AMIGO. Não pode ser SÓ amigo, mas em muitas fases da vida, muito mais do que o amor arrebatador, é o amor-apoio, o amor-segurança e o amor-irmão, sim! O segredo – eu acho! – é ter paciência e esperar vir a próxima fase, o resgate do fogo e do calor dos enamorados, e entender que ninguém é de um jeito só pra sempre e o tempo todo. O gostoso do amor (de verdade, que muito suporta, supera e aceita) é conseguir perceber o sentimento verdadeiro em todas essas nuances... o bom do amor é querer estar perto, respeitando, perdoando e compreendendo nossas próprias variações!
Uma vez li algo que eu AMEI:
"Case-se com alguém que gosta de conversar
Por que quando o tempo for seu inimigo,
E as linhas de expressão dominarem sua face
E se a vitalidade não for como você gostaria
Tudo que restará será bons momentos de conversa
Com alguém que viveu com você muitas histórias
...
Então lembre-se que a beleza passa, pois é vã
Mas o carinho , o respeito, o conhecimento
Este aumenta a cada dia.
Então case-se com alguém com quem realmente gosta de conversar"

Amor não precisa apodrecer, mas amadurece!



domingo, 19 de agosto de 2012

MULHER, SERÁ QUE É HORA DE VOLTAR PRA CASA?

            Volta e meia me pego pensando sobre nós, mulheres, e como temos lidado com todas as mudanças gradativas que temos acompanhado sobre nosso papel e possibilidades! Já até escrevi sobre isso...
            Eu (e quando digo eu, falo de MIM e apenas por mim) não olho tudo com isso com muita alegria, não... confesso outra vez! Adoro (imensamente) as conquistas individuais, mas tenho tanto medo das conseqüências coletivas!!
            Não somos iguais aos homens, amigas... nem adianta! Nem piores, nem melhores. Em alguns aspectos passamos na frente, em outros eles. E assim vamos seguindo com nossas capacidades, nossas semelhanças e nossas diferenças. Uma coisa, por exemplo, é nosso: somos agregadoras! Isso é da natureza feminina! Não há como negar que, comparadas aos homens, somos nós, mulheres, que juntamos tudo e todos: família, amigos, parentes distantes, ex-turma de escola. Por sua vez, e também por natureza, os homens são mais focados no futuro, pensam na frente, pra frente, sem olhar muito em volta ou pra trás. Nós vamos passando e recolhendo, colocando no colo, ou na bacia ao lado do quadril o que eles deixam cair quando vão seguindo em frente apressadamente.
            Queimaram (a droga dos) sutiãs e disseram que tínhamos o direito à igualdade. Nos demos MUITO MAL! Além de tudo que citei no texto anterior sobre esse mesmo assunto, o que me trouxe até esse texto foram os itens da lista assustadora que vim fazendo na minha cabeça desde essa manhã (e olha que já anoiteceu!).
            Pagamos uma pessoa pra arrumar as camas, varrer o chão, tirar a poeira dos móveis, preparar a comida da família, lavar e passar as roupas e... EDUCAR NOSSOS FILHOS! Mas o que é EDUCAR senão um ato de repetição, amor, paciência, firmeza, mais amor e mais e mais e mais amor? Como podíamos crer que pessoas que recebem salário pelo trabalho que prestam podem depositar nessa tarefa o mesmo amor, paciência, determinação e capricho que nós – as mães dessas crianças? Até mesmo porque, enquanto nossas secretárias são obrigadas a driblar a pirraça, enfrentar a teimosia, dobrar a insistência e recusar os pedidos mais escabrosos dos NOSSOS filhos, os filhos DELAS estão sendo cuidados em creches, por parentes ou vizinhos. E o que as difere de nós? NADA! São mães como nós e também se sentem inquietas por se verem obrigadas a estar longe dos seus a maior parte do tempo e pela maior quantidade de dias da semana. E alguém vai me convencer que o trabalho delas com nossos filhos é igual ao nosso?? Ah, tá!

(pra quem se interessou pelo assunto, continua aqui em baixo, no próximo post!)
;-)

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

MULHER, SERÁ QUE É HORA DE VOLTAR PRA CASA? (parte II)

(então, continuando...)

            Conquistamos o direito de ganhar nosso próprio dinheiro. Veio a obrigação de também assumir as despesas da casa.
            Como a renda das famílias aumentou (com homem e mulher ganhando salários), aumentou também o consumismo e o desejo de ter, ter, ter (até mesmo pra justificar nosso esforço e acúmulo de funções).
            Com a justificativa: “Mamãe precisa ir trabalhar pra ganhar dinheiro” ensinamos aos nossos filhos – mesmo sem querer, sem saber e sem a intenção – de que ter e ganhar dinheiro é muito mais importante do que estarmos com quem amamos e SERMOS algo com quem amamos.
            Ah, também ganhamos o direito ao “macarrão instantâneo”! Comida preparada em 3 minutos que nos livra da obrigação de descascar o alho, picar a cebola e escolher os melhores ingredientes para aquela refeição saudável, mas tão trabalhosa. E ganhamos crianças com colesterol alto, taxas sanguíneas alteradas, obesas e que se alimentam mal, muito mal. (Vocês já viram a quantidade de sódio em cada saquinho daqueles?)
Saindo de casa e de perto de nossos filhos, ganhamos uma geração de adolescentes e jovens delinqüentes, mimados, mal acostumados, “comprados” por qualquer mesada ou presente e que não sabe mais o que significa respeito, solidariedade e fé! Impressionante (-mente triste) como quase ninguém mais fala de Deus em casa.
            Com filhos desestruturados, ganhamos famílias aos pedaços.
            Agora podemos votar (oi?). Viramos grandes executivas e multiplicamos nossas responsabilidades por mil. Vivemos em função da beleza, do status e da moda. Trabalhamos loucamente pra dar aos nossos filhos o que a nossa presença não dá mais, pra comprar uma bolsa carérrima, um sapato que é o hit do momento ou uma roupa pra impressionar (que serão devidamente aposentados na próxima estação).
            Com tanto e tudo, desenvolvemos a sensação de impaciência, de intolerância e de fardo quando nos referimos aos nossos filhos. Queremos fingir que criança não grita, que não faz pirraça, que não chama “mãe, mãe, mãe” insistentemente e o dia inteiro, que não bagunça as coisas e tira a decoração do lugar! Queremos mini-adultos que eles não são (e não merecem ser) porque nós estamos estressadas! Tão mais gostoso entregá-las às babás, às secretárias do lar, deixá-los na escola (e se for horário integral é GOL!).
            É óbvio, aliás, é ÓÓÓÓÓBVIO que ganhamos MUITO com tudo isso também como, por exemplo, o respeito dos homens, o direito à expressão, o direito ao “não” e também de mostrarmos que sabemos, que pensamos e que somos capazes pra tantas coisas. Não ignoro isso, aliás, aplaudo; mas quando (EU) coloco tudo na balança, acho que perdemos muito mais do que ganhamos.
            Nossos umbigos estão iluminados, já que focamos todas as nossas atenções para eles; em contrapartida, aquelas que eram tidas como mudas, burras e incompetentes (nós, mulheres, claro!) conseguiam – sem alarde – botar ordem no mundo. Os filhos eram observados e cada mãe conhecia bem o seu. As crianças ocupavam lugar de criança em casa. As famílias eram redutos sagrados e fortes. A casa era um lar. O almoço era com a família toda na mesa e a comida era boa. Não se via tanta gente obesa, sedentária, doente e dependente (de drogas, de pessoas, de carro, de comodismos, de consumismo, de futilidades).
            Já éramos as mais competentes e capazes do pedaço, moçada. A gente não precisava cair na ladainha de que tínhamos que comprometer nossa saúde, nossos amores, nossas famílias e nossa paz pra esfregar todas essas verdades na cara dos homens. Mesmo fingindo que não, eles já sabiam de tudo isso. Só não admitiam! Mas se somos “tão, tão, tão” pra que precisávamos da aprovação, admiração ou aval deles, meninas?!
Caímos numa armadilha, isso sim.

          Será que é hora de voltar pra casa?
           
  

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O QUE VALE A PENA "CURTIR"...

         Outro dia escrevi numa rede social que eu tenho percebido que a internet (e as redes sociais) são maravilhosas porque nos deixam perto das pessoas que estão longe, mas que ao mesmo tempo são muito ruins porque nos deixam longe das pessoas que estão perto. Quantas vezes, por puro vício ou mania, estamos tão concentrados nesses sites e olhando tudo o que acontece “lá”, que mal ouvimos quem está “aqui” do nosso lado querendo conversar?! Comigo já aconteceu MUITO, até eu começar a colocar as coisas na balança...
         Tenho dito, aflita, em conversas com os amigos que estamos vivendo uma época de avanço tecnológico imensa e intensa, enquanto marchamos de ré – quase na mesma velocidade – no que se refere às questões pessoais. O que anda acontecendo com as relações diárias, com as amizades cultivadas por anos, com os amores, com os pais e os filhos? Em casa, é comum conversarmos pelo computador enquanto um está na sala e o outro está no quarto... Tecnologia próxima, muito próxima; corações e olhos cada vez mais distantes! Que dó! Que retrocesso!
         Sei que seria hipocrisia desmerecer todas essas descobertas e facilidades que temos ganhado a cada dia (porque internet, e-mail, redes sociais e afins também ajudam, sim!), mas também é impossível falar só das coisas boas sem analisar – de forma imparcial – o quanto tudo isso vem distanciando as pessoas e criando um mundo paralelo.
         Enquanto há alguns anos resolvíamos mal entendidos cara a cara, olho no olho e numa conversa franca, hoje eliminamos problemas excluindo as pessoas de nossas listas de amigos virtuais. Temos construído relações apertando a opção “curtir”, e quanto mais “curtimos” mais amigos ficamos. É legal? É claro que é! Quantas pessoas passei a conhecer ou pude me aproximar depois dessa invenção? Mas não tenho dedos o suficiente pra contar quantas pessoas já “curtiram” coisas escritas por mim, já comentaram, elogiaram, concordaram ou discordaram e ao passar por mim na rua se comportaram como desconhecidas. Isso é criar relação? É claro que não!

         Sem nenhuma intenção de fazer campanha contra ou a favor (até porque realmente gosto de fazer parte de tudo isso e continuo com meu perfil, com minha lista de amigos, com meus posts, “curtindo”, “sendo curtida” com o maior prazer!), esse texto só tem uma intenção: dizer que acho um barato termos essa ferramenta a nossa disposição, mas que ela não pode virar a forma principal de nos relacionarmos com as pessoas; que ela não pode tomar o lugar das pessoas que estão ao nosso lado e que esperam um pouco mais do nosso carinho, da nossa atenção e da nossa presença; que não podemos julgar as pessoas por uma frase escrita, por uma foto compartilhada ou por uma brincadeira mal interpretada. Tudo isso tem que ser uma grande brincadeira... O que é sério de verdade e vale a pena, está além de uma tela de computador! Quem move nossos dias e faz pulsar nosso coração é palpável, tem cheiro, sentimentos e olhar e está bem ao nosso lado, podendo dizer olho no olho o quanto nos “curte”, nos ama e nos quer bem!