Hoje, depois de ter sido deixada na mão pela minha empregada doméstica e ter que ME VIRAR pra dar conta das 2 filhas e da agenda cheia, de ter sido socorrida pela minha irmã que me disse para levá-las à casa dela, de ter gravação no estúdio (demorada), matéria pra fazer e meninas chorando e querendo chamar a atenção porque mal vêem a mamãe aqui, parei – DE NOVO – para questionar a DROGA do movimento feminista! Sim, esse mesmo que nos colocou nessa situação deprimente, nessa condição de máquinas e robôs que NÃO SOMOS!
Hoje eu tive ÓDIO! Ódio de ver-da-de! Eu disse que se encontrasse uma daquelas INCONSEQUENTENTES que fizeram aquela MALDITA FOGUEIRA DE SUTIÃS exigindo que fôssemos tratadas com igualdade perante os homens, eu juro – juro mesmo – que, mesmo sendo totalmente covarde para isso, aprenderia e praticaria TORTURA!
Como pode uma pessoa, em sã consciência, achar que UM ÚNICO SER HUMANO é capaz de:
Þ de dar conta da educação dos filhos (e quando falo educação é EDUCAÇÃO DE VERDADE, não essa “lambidinha de leve de hoje em dia!);
Þ de manter a beleza em dia (isso é importante, ta gente? É porque temos esquecido que somos MULHERES e começamos a achar isso futilidade. MAS NÃO É!);
...e de – ainda por cima:
Þ conseguir ser uma EXCELENTE profissional (pois o mercado de trabalho não quer ninguém “mais ou menos”!);
Þ ter tempo para resolver os pepinos que vêm dos telefonemas dos filhos e da empregada (sim, aquela!) durante o dia;
Þ providenciar um cardápio saudável para a família;
Þ resolver o transporte dos filhos para a escola, o inglês, a natação, o futsal, o balé e o que mais ele resolver que quer fazer;
Þ ganhar o suficiente para bancar todas as suas próprias contas e, pelo menos, uma conta da casa;
Þ ganhar pra isso, dar conta disso e ainda ter uma reserva no banco (porque TEM QUE POUPAR!);
e...
Þ SER LINDA, CHEIROSA, GOSTOSA, SEM CELULITE, TER AS PERNAS DA NICOLE BAHLS, A BUNDA DA JUJU PANICAT, A PELE DA MARIANA XIMENES, O CABELO DA GISELE BUNDCHEN E MORREEEEEEEEEER DE TESÃO TODA NOITE!
Gente, que MÁQUINA (ou bicho) aquelas malucas acharam que nós poderíamos nos tornar???? E se queriam IGUALDADE, eu te pergunto: QUAL A VANTAGEM QUE TIVEMOS EM SERMOS TRATADAS COMO HOMENS??
Olha as belezuras que ganhamos:
Þ O direito de poder VOTAR NUM PAÍS DE LADRÕES. E viva a democracia!
Þ Podemos sair para trabalhar, e com isso, podemos deixar nossos filhos nas mãos de qualquer pessoa, que pode ensinar qualquer m&rda, e ainda maltratá-los (mas que bom que podemos instalar câmeras de vídeo em nossa casa tooooooooooda, né? A tecnologia a favor da facilidade!)
Þ Podemos também passar o dia todo na empresa, mas temos o DIREITO de chegar em casa e verificar as atividades dos filhos, as tarefas da empregada, a limpeza dos cômodos, a organização dos armários, o que tem e o que está faltando na geladeira e na dispensa, verificar a mochila e a merendeira dos pequenos, as solicitações do marido... e por aí vai!
Þ Podemos ficar na internet, fazer uma faculdade a distância (porque não há horários disponíveis para a convencional), conhecer assuntos bacanas e formarmos opinão a respeito de vários assuntos (mesmo sabendo que viramos um conjunto de PERNAS, PEITO E BUNDA facilmente admirados nas revistas de nu artístico ou nas novelas “calientes”, até mesmo das 17h)
Þ Podemos nos comportar como fêmeas que somos, mesmo tendo que ser MACHO na hora de ajudar a bancar as contas da casa!
Houve um tempo em que a mulher era a base de um lar. Era ela quem dava suporte emocional – e de educação mesmo – aos seus filhos. Feio era deixar seu lar para cuidar das coisas dos outros, ou se permitir fazer aquilo que só interessasse à ela própria.
Hoje é feio querer cuidar do nosso ninho, dos nossos pequenos, dos que eles vêem, comem ou fazem. É feio parar para ir ao salão, pois não há tempo para as futilidades. É feio marcar um encontro com as amigas (e seus filhos) pois todos são muito ocupados para permitirem-se VIVER.
Hoje eu senti ÓDIO daquelas mulheres que falaram por mim e que mudaram a minha vida sem me consultar.
Por CULPA delas, mal vejo minhas filhas crescerem, mal tenho tempo pra mim e para meu marido, mal tenho disposição para as coisas da vida e sou obrigada a viver nas mãos de quem trabalha na minha casa, porque se eu exigir demais ela vai embora e eu preciso parar meu trabalho... ou pior: pode machucar minhas filhas.
Isso é CONQUISTA? Isso é VITÓRIA?
Não queria parar de produzir, entendam! AMO meu trabalho e me realizo porque GOSTO de fazê-lo... Só não queria esse RITMO!
Que me desculpem as DESBRAVADORAS, mas eu preferia viver sob o sossego do meu teto, produzindo coisas bacanas sem pressa e sem pressão... no tempo que fosse possível, da forma como pudesse encaixar o horário da minha casa, das minhas filhas, do meu amor e DA MINHA VIDA – que eu perco aceitando que é preciso fazer tudo ao mesmo tempo e não tendo tempo pra fazer o que realmente importa!
Eu acho que eu perdi....